Nesses contatos com amigos da área literária acabei por receber a opinião de Roberto de Souza Causo a respeito do Mão Dupla. Causo tem uma conhecida coluna sobre literatura fantástica e ficção-científica no Terra Magazine e apesar deste livro não se encaixar nesta categoria acabou sendo lido por ele, tive, então, o prazer de receber suas impressões por e-mail. Segue sua apreciação:Mão Dupla, Christian David. Porto Alegre: Artes e Ofícios, Coleção Grilos, 2008, 75 páginas. Capa de Rogério Coelho. Noveleta infanto-juvenil, sobre um garoto sulista (pelos índices sociolingüísticos) que perdeu a mão direita num acidente com fogos de artifício. Em primeira pessoa, a narrativa pretende ser o diário que a psicóloga pediu para ele escrever, de modo a examinar seus sentimentos e a treinar a caligrafia da mão esquerda. Sem esforço, David firma a voz narrativa e caracteriza o personagem, nos seus sentimentos conflitantes e na sua insegurança adolescente. Um ponto de virada na depressão do protagonista é o contato com um jovem cadeirante do bairro, um ex-piloto de corridas (toque interessante) que fraturou a espinha e perdeu o controle das pernas. Alguns trechos são desenvolvidos quase como poemas (capítulos curtos), e há um recurso estrutural interessante – espécie de flashbacks em que o narrador se lembra de sua internação no hospital, descobrir a ausência da mão, etc. Um bom livro, narrativa firme, expressão de maturidade autoral
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