Fiz essa resenha para o blog/site Psychobooks, à pedido da Alba Milena, grande amiga.
Vez em quando eu encontro um livro com uma idéia tão original que me vem aquela frase na cabeça “como eu não pensei nisso antes?” Pois é, foi assim que me senti quando comecei a ler O Livro do Cemitério, de Neil Gaiman. O cultuado autor da série de quadrinhos Sandman escreve a universal história da saga de um herói com um pano de fundo bastante inusitado, um cemitério.
Um bebê tem a família assassinada e sobrevive, o assassino procura incessantemente o paradeiro do menino para completar o trabalho e ficar livre de uma possível futura vingança. Parece familiar para você? Pois o próprio autor brinca com isso:
“- Ele parece meu sobrinho Harry – disse Mãe Abate, e parecia então que todo o cemitério estava prestes a se juntar, cada habitante propondo suas comparações entre o bebê e alguém há muito esquecido, quando a sra. Owens interrompeu.
- Ele só se parece consigo mesmo – disse a sra. Owens com firmeza. – Ninguém é parecido com ele.”
E é verdade, as semelhanças acabam por aí, o texto tem um clima bem mais melancólico e sombrio , e é literatura juvenil das boas.
O menino passa a ser conhecido como Ninguém Owens e encontra no cemitério seu lar, sua escola e seu reino. Cresce e obtém conhecimentos só disponíveis naquele lugar. Ainda que sempre acompanhado por diversos espíritos amigos sente-se só e anseia por companhia viva e por conhecer o mundo “lá fora”.
Alguns mistérios do livro não são difíceis de serem descobertos, o que não diminui o prazer da jornada de Ninguém. Gaiman nos guia pelos túmulos e jazigos com maestria e torna cada momento interessante.
O Livro do Cemitério, de Neil Gaiman, com ilustrações de Dave McKean e editado pela Rocco Jovens leitores ganha disparado no quesito originalidade e narrativa fantástica. Uma boa pedida para quem deseja uma literatura juvenil um pouco além do que tem sido produzido atualmente.
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